sábado, 5 de setembro de 2009

Pormenores

fotos Rita Honrado
Primeiro e desde já aviso, que este post vai ter a particularidade de se alongar, mais do que eu calculo, mais do que tu tens paciência para ler, porque aqui escreve-se tudo o que escorregar pela alma. Porque aqui habita o meu consultório de ânimo a minha terapia de grupo e aqui só entra quem tiver pachorra para ler ou padeça de idênticas angústias. Segundo porque há sete anos atrás pensava eu que me desprendia do mundo deitada longe de sentir o meu físico, só agarrada aos pensamentos de ter uma alma e estar a parir uma nova numa apertada marquesa, cogitava eu ali acabar, despedir-me de trinta anos de viver. Terceiro porque vivi, mas alguém teve de partir, abandonar o palco em jeito de meu lugar, assim foi, partiu pouco tempo depois, o meu alicerce, aquele que me concedeu a luz de viver e me ensinou a numerar os puzzles da vida. Desmoronei… Assim digo que cada coisa vale o que vale, e tantas vezes não vale a pena o valor que lhe concedemos, pois parece que tudo está pré-destinado.
Apostamos nisto ou naquilo, numa crença positiva, mas levamos como certo, sabemos até, que o mais provável é não acontecer, mas mesmo assim agarramos-mos a uma fé desumana e ingrata.

Hoje julguei-me importante, mais que nos outros dias, porque estou cá, porque sou uma lutadora, porque sou uma dama e acredito em milagres de afecto. Tu que estiveste outrora comigo, que me juraste amor eterno não me telefonaste, como desde da nossa separação o deixaste de fazer. E tu aí que não tens ninguém por grande amizade, esqueceste, esqueceste-te de mim. E tu, sim tu, que me beijaste nem apareceste…
O que a vida nos saca com uma mão dá-nos com outra, aquece-nos o corpo, acarinha-nos o intimo. Os amigos, esses amigos doces estiveram lá, estiveram comigo. Um casal perfeito e uma mulher desfeita, uma super-mulher que hoje estava super-cinderela, hoje desvanecidamente desamada. Mas estava lá. O casal perfeito que eu amo de coração, estava lá! E as princesinhas estavam lá também e cantávamos o ali-bábá das Doce, ali naquele lugar… só não estava a minha prinssuza, pois o pai também tem direito…
Mas tivemos uma sala privada de jantar, um japonês, comemos sushi e bebeu-se saquê e sacaram-nos dos bolsos mais que um valente susto, pagámos e não bufamos, deixamos de cantar o ali-bábá para querer dizer abre-te sésamo e vislumbrar o ouro que nos estavam a assaltar naquela conta de jantar... Mas estavam lá, ali naquele lugar, estavam comigo, porque hoje sou uma mãe, porque hoje esperei, …esperei pelos parabéns de ser mãe!

Sem comentários: