Riam, melhor
gargalhavam, como dois putos que encontram uma bola num beco improvável e
perdem a noção que mesmo a possuindo, nunca a poderiam fazer rolar num qualquer
lugar.
Não se
conheciam. Não como amigos, conheciam-se e isso por si só chegava.
Escreviam
horas infindas, a letras que emanavam encanto, beleza, tentação e tesão. Mas faltava
o todo do tudo essencial, faltava-lhes o toque que arrepia e com ele os
sabores, os cheiros. Faltava os olhos que cobiçam e embaraçam, os olhos para se
encherem de ver de tudo o quanto eram bonitos para se desejar e querer.
Faltava-lhes os olhos. E eram tão bonitos os seus olhos...
Não cegando
por os não ter, mas já cegos por não os possuir, sem visionar, queriam arriscar, com a mesma tentação sobre um mirar guloso numa linha branca num espelho a
brilhar.
E és tão
bonita pensava ele.
E és tão
bonito pensava ela.
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