terça-feira, 11 de setembro de 2012

na (nossa) bolha




Riam, melhor gargalhavam, como dois putos que encontram uma bola num beco improvável e perdem a noção que mesmo a possuindo, nunca a poderiam fazer rolar num qualquer lugar.
Não se conheciam. Não como amigos, conheciam-se e isso por si só chegava.
Escreviam horas infindas, a letras que emanavam encanto, beleza, tentação e tesão. Mas faltava o todo do tudo essencial, faltava-lhes o toque que arrepia e com ele os sabores, os cheiros. Faltava os olhos que cobiçam e embaraçam, os olhos para se encherem de ver de tudo o quanto eram bonitos para se desejar e querer. Faltava-lhes os olhos. E eram tão bonitos os seus olhos...
Não cegando por os não ter, mas já cegos por não os possuir, sem visionar, queriam arriscar, com a mesma tentação sobre um mirar guloso numa linha branca num espelho a brilhar.
E és tão bonita pensava ele.
E és tão bonito pensava ela.

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