quarta-feira, 12 de setembro de 2012

TU.do




Amanheceu, um sol forte a rasgar os pequenos orifícios que ficaram por fechar na noite anterior. Acordei como se nunca tivesse chegado a adormecer, dormência tranquila. Abro os olhos devagar, o cérebro desligado, sorrio mansa, mas malvado! nem um segundo sossegado. Chegas,  arrombando a porta desta casa onde mora o meu  pensamento que é teu. E vens, enrolaste comigo, encostas o rosto nos meus cabelos ainda húmidos, adormecidos sobre um lavado. E inspiras forte, cheirando como quem suga por uma palha sedento de um líquido. Enrolas os teus braços e envolves-me em ti, as tuas pernas nas minhas e cheiras-me, e eu cheiro-te e és tu. Afinal és tu, és pele acre adocicada, és paz e tempestade, és sossego desassossegado, e fica, fica... aqui, és tu.
Fecho os olhos e quero, aperto-te com mais força, preciso te encontrar aqui, aqui onde durmo dentro deste meu corpo desligado. Fica...
Amanheceu, um sol forte que viola o desejo sonhado, rasga ainda mais os pequenos orifícios que ficaram esquecidos. 

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