Do embrulho saía uma boneca, entulhavam-me de bonecas, odiava-as! Em protesto despia-as, mergulhava-as num bidé cheio de água gelada coberta a espuma de sabão macaco. Deixava-as lá ao abandono, até lhes cair o cabelo apodrecido o plástico embaçar e os olhos de conta perderem a fantasia de vida. Bonecas enfadonhas, inertes, vestidas a goma, debruadas a renda amarelada, assustadoramente deprimentes.
Vi a boneca viva, a única que não mergulhei em bidé corrente, a boneca que acariciei em lágrimas lavei. A que gostei, que despi, que amai, que por fim abandonei para não ser afastada como uma velha tratadora de bonecas.
Vi a boneca viva, a única que não mergulhei em bidé corrente, a boneca que acariciei em lágrimas lavei. A que gostei, que despi, que amai, que por fim abandonei para não ser afastada como uma velha tratadora de bonecas.
2 comentários:
Eu também gostava de despir bonecas, e sempre senti um arrepio quando olhava para as bonecas de porcelana, há algo nelas que me incomoda. Talvez o serem imortais...
Minha querida, aproveito e divulgo que no Sáb. 23/01 vou estar no bar Crew Assan pelas 22.30h com uma banda de uns amigos meus a dizer uns textos. A música é diferente e intensa, proporciona uma viagem...
Deixo-te o link. Aparece!
http://www.myspace.com/mahamudramusic
triste. muito triste. gostei.
Enviar um comentário