quarta-feira, 22 de abril de 2009

quero...

Queria escrever muito mais, queria pintar muito mais, queria ler muito mais, queria passear muito mais, queria dançar e brincar muito mais, queria conviver muito mais, queria partilhar tudo isto muito mais, queria, queria, queri…
Onde ficaram os anos da inconsciência da incongruência e da impulsividade, os da alforria, os da despreocupação, onde ficaram os anos dos invencíveis heróis e heroínas insuperáveis? Onde? Aos 28 senti-me “concluída”, [no sentido de acabada a obra física], aos 36 amadurecida, arrepia-me a ideia da chegada do número que remata, para não dizer que remenda! Não, não tenho pavor de envelhecer, porque serei certamente mais sabedora, e isso por si só agrada-me, assusta-me sim caducar, prescrever no prazo da consciência dessa previsão. Do dito já não me livro, quando escuto lançado em jeito de feitiço terno da boca de quem me tem afecto; “ Pensas demais, vais acabar uma velha caduca!”, ah, ah, riu e brinco ao ouvir.
Será que vou? Pois, é isso que me assusta, não tanto como o sofrimento na dor, mas quase. Perder a noção do que se é, do que se foi, do que já não se pode vir a ser, mas sim, não mais que a suspeita suposição de trapo.
Não posso ir ao lar de idosos!
As gentes dizem, “velhos são os trapos”. Serão mesmo só os trapos?
QUERIA??? Não, ….pois eu QUERO!!!!!!! Hoje escrevo, amanhã pintarei não quero, nem devo perder a noção do tempo!

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