O cheiro a
canja de galinha chega vindo da cozinha. A minha cabeça está a estalar. E sinto
o medo terrível a doença que se vai apoderar.
Odeio-te.
Apetece-me
dizer asneiras, sair de casa sem destino, falar com um qualquer desconhecido ou
abraçar um cão vadio.
Quero
gritar em modo silencioso, voltar atrás e arrumar os livros que deixei
desarrumados na biblioteca que desconheço.
Quero
chorar seco, falar com quem já morreu, exaltar a saudade dos que já se foram e se
cremam no pensamento .
Quero
deixar de amar, de dizer que amo e riscar todas as vezes que assaltei a
palavra.
Quero suar
das mãos e irritar-me com qualquer alguém.
Quero beber
café como quem bebe chá de camomila para se exaltar.
Quero
bater-te e não dizer porque te espanco assim.
E o cheiro
a canja faz-me vomitar,
Odeio-te,
porque sinto o acreditar que o querer acredito que não passa de uma só noite de
luar.
Odeio-te,
aperto do meu peito.
Odeio-te.