quarta-feira, 17 de março de 2010

A Pontes

O desânimo leva ao silêncio.
O silêncio que é amigo, correcto e saudável, leva ao sentimento.
O sentimento, o que oculta um passado, constrói um presente e sonha num futuro risonho, leva a ser forte.
Ser forte na inteligência emocional e quebrar na sensibilidade sentimental, leva à contradição.
A contradição não a é, a quem atingir sensação.
A sensação foi, quando voltará a ser?
Reflectir, perceber, sentir…
Ontem foi feio, ontem leva-nos ao hoje, hoje será a cegueira do amanhã.

segunda-feira, 8 de março de 2010

ANA

Hoje no carro pensava – adoro pensar no carro, sempre acontece a conduzir – na palavra MULHER. Ao som das escovas do pára-brisas via a mulher, a mulher de hoje. Chamemos-lhe Ana, todos temos uma Ana na vida, mãe, irmã, namorada, amiga, filha, colega, enfim, quem não tem uma? E quando não se tem, gostamos de imaginar uma Ana qualquer.
Hoje essa Ana, é uma Ana. Uma senhora Ana!
Quando dei à luz este blogue, na primeira postagem dediquei-o a todas as Ritas da minha vida, e porquê?, porque elas foram sempre Ritas marcantes. Eu seria uma, se o meu progenitor não fosse líder e à última da hora superasse a vontade da senhora minha mãe, que ambicionava uma Rita. Rita não fui, mas amei e amo muitas Ritas. Penso então numa Ana Rita, isso sim é supremo.
Ana não tenho, Rita não fui, mas sim, sou uma Mulher marcante!
Mas não! Fiquemos apenas hoje com uma Ana mulher. Hoje, neste dia assinalado. Quem me conhece sabe que aprendi a não assinalar nada! As coisas são o que são, e vão sendo o que delas deixamos ser. Este post fala assim de uma Ana.
Ana, é curioso, o quanto de tanto poderia eu dizer sobre ti, tu uma Ana qualquer, tu uma Ana MULHER.
Foto Pedro Cabral

sexta-feira, 5 de março de 2010

A.Deus

Sorte a minha, sinto-me mesmo uma mulher feliz, adoro-me, amo-me! Hoje beijava uma foto minha, lambia um espelho reflexo meu! Sinto-me honradamente majestosa. Chauvinista do meu ser? Sim! Narcisista? Hoje muito!
Sou grande quando me revejo nas palavras que profiro, nas que escrevo e ainda mais nas que penso!
Tenho dias, e hoje até está de chuva e não é costume me elevar em dias cinzentos, logo hoje ainda é mais especial! E especial como sou, ÚNICA, como sempre me nomearam para Óscar, os(as) personagens de meus filmes . Se ganhei algum? Não tenho prateleiras vazias em casa, nunca os aceitei, só por essa mesma razão, minto, por outra razão não menos importante, odeio limpar pó! E o pó, esse ou qualquer tipo de pó, por vezes um só sopro não nos chega para o fazer andar de nossas vidas, mas sou gaja de bons pulmões, enchi-os, esculpi bochechas balão, fiz biquinho de pássaro e soprei, um só sopro e o pó voou.
Gosto bem de mim!

terça-feira, 2 de março de 2010

Picos Altos e Baixos

B- Estás bem?
P - Sim, estou!
B - Estás mesmo bem?
P - Sim, já disse que sim!!!
B - Mas desculpa, mas estás assim … mesmo bem?
P -Dassss, ESTOU BEM CRL!!!!

Estou surpresa direi, e gosto!
Batia 11 de Janeiro, até ali achava construído o topo do meu castelo, mas este desmoronou-se de tão primário ser. Fora rápido, julguei de um vento simples, mas não. De um tornado se tratara!
Tudo passou, tudo passa demasiado depressa, tão veloz que é, …é-me atroz olhar para trás, assusta-me esta velocidade…
Ontem corria dentro de umas botas vermelhas ortopédicas, chorava horrores de tão feias que eram e o que me apertavam. Apertavam de um jeito que ainda hoje as sinto nos pés. Estou com elas, estou calçada com elas agora, olho para os meus pés, vejo-as horrendas de sorriso quadrado, e dizem-me, afrontam-me contentes e loucas: - Queres-te descalçar???, putas!!! …penso, se as vou descalçar, e não, não vou! - Vivo com vocês nos meus pés desde sempre, deram-me o bom andar, porque vos hei-de tirar?! Sim, porquê? … Calaram-se as putas, pelo silêncio percebi que as vencera, e como uma brisa, um vento puxando um nevoeiro dissipou aquela imagem…
Enfiada nos meus chinelos felpudos, fiquei.
Dia 11 de Janeiro, ali começou a crença de mudança, os anos passados foram recheados de picos altos, picos baixos, neles cresci, como qualquer um. Tornei-me piquenta, picolha, picosa, picona enfim, Picos. Aperaltei-me no vestir, nesse meu fato arroxeado com que me apresentava, por ele passaram as festas da vida, só as festas, as glamorosas, e até as do entulho, muitas festas, o vestido questiona-me com voz melosa, já mais embebido que o roxo vinho de uvas maduras: - Corro o fecho minha querida???, paneleiro!!! …penso, se o vou vestir ou despir, e… - Sim, porque não te despir?! Sim diz-me vestido, porque não te despir? Quero a liberdade na pele, o vento a furar alargando-me os poros, o sol a barrar o tom da minha pele, sai, sai…! Lixado abandona-me o corpo resmungando, soltando a sua língua maldosa dizendo: - Mesmo que te quisesse correr o fecho, já não te servia, gorda de merda! Solto um riso apetecido de há muito, rio tanto que choro, as lágrimas projectadas como nos desenhos animados, em esguicho de torneira com falta de borracha. E sigo, sigo nua, despida de apertos, nua de trajes.
Dispo o pijama, quero-me nua.
Dia 11 de Janeiro, foi ali há pouco, mesmo ali atrás, e tudo mudou, tudo mudou. Quero muito, o muito querer, quero o tudo o que posso ter, agora descalça, agora nua, quero o meu bem-querer, quero o teu desejo me ter.