Deitei tarde, melhor, mais tarde que costume, sai um pouco com as amigas da vida inteira, estava uma verdadeira noite de verão e há muito que não via gente bonita, as tais novas tribos urbanas, as metropolitanas, scuppies, downshifters e as etc e tal, cheguei à cama e resolvi dormir nua com o corpo a desenhar um X no lençol de baixo, pensei como era bom dormir sozinha nestas noites quentes, ri-me sobre o reencontro óbvio e feliz com os lençóis frescos da cama que me conhece, ri-me ainda mais quando pensava no “raio de sol” da Su, no “pendente” da R, no “engodo” da C , que afirmava já ter percebido que no geral as pessoas não gostavam dela e continuei a sorrir no pensamento da amiga Fi, que continua igual como sempre, com aquela calma aparente de mulher forte, consigo ostenta sempre em punho a máquina que rouba ferozmente grandes momentos e os eterniza. Ri-me ao pensar na nossa janta que cheirava a peidos, qualquer bom frango assado vindo da churrasqueira na bela caixinha de plástico, quando se abre cheira ao verdadeiro peido, é verdade, que se pode fazer? Tal como os ovos cozidos quentes, também se abençoam do mesmo, mas estava eu na frangalhada, pois, a janta na casa da C em pleno Bairro Alto é sempre intimista, a casa tem aquele ar maravilhoso onde se respira boa aura, logo, até os frangos piedosos são verdadeiros gourmet glamour! A acompanhar o repasto uma solene limonada, bem azeda, como deve de ser, e uma mega salada cheia de sementes de periquito e de aroma adocicado de um tal vinagre balsâmico. Amei! Acabamos a bicar em chocolates do natal passado e a fazer tchim tchhins com uns copinhos de ginjinha. E fomos para a rua, para a LX factory.
Cai no sono, com a ajuda dos pensamentos libertos de preocupação, saboreando as coisas simples da vida, as amizades eternas, as mulheres que tanto gosto e que já me conhecem desde sempre. Não sei se dormitei ou dormi mesmo, acordei sobressaltada pelo susto de um pesadelo, porque raio nunca nos abençoam com a liberdade e a paz mágica dos sonhos? Tive medo, enrolei-me ao edredon que estava amarfanhado aos pés da cama, envolvi-me nele com o mesmo jeito da erva para a mortalha, cai novamente no sono, acordei encharcada, já nem dava para alguém me fumar… agarrei o telefone vi as horas, mandei uma msg e acalmei, ouvi musica vinda da janela, talvez do rádio de um carro qualquer lá em baixo ou um espertinal vizinho, daqueles que ao fim-de-semana se levanta cheio de pica para andar de bicla ou para uma corridinha fresca pela praia.
Céus meio-dia, tinha pensado ir à praia mesmo com alguns pêlos que já me lixam a paciência, ficou em mente enfiar-me entre rochedos tipo caranguejo para assim ninguém me ver em pormenor… mas acordei impaciente, rabugenta, chata, inconstante e com o mesmo temor de quem perdera algo, mas ainda não se apercebera o quê. Bom... banho com ela, carrapito no alto da mioleira, ligar a net, e ver com quem dizer umas merdisses no mundo virtual, eis que aparece o Manuel, e sempre me alivio no teclado, conversas entre quem nunca se vira no olhar, no fundo maravilha porque assim nunca existe paradigmas.
E agora estou aqui à espera que o calor passe para me ir sentar no final da tarde numa esplanada e continuar o livro que ando a escrevinhar à mais de um ano…
Logo à noite saímos?